segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Vá enquanto é tempo - VIAGEM E TURISMO


Vá enquanto é tempo
Os lugares para você conhecer – e ajudar a salvar – antes que acabem



As jornalistas de viagem americanas Kimberly Lisagor – que escreve, entre outros, para a revista Outside, a National Geographic Adventure e o jornal The New York Times – e Heather Hansen, premiada pela revista Harper’s Bazaar, lançaram recentemente o livro Disappearing Destinations: 37 Places in Peril and What Can Be Done to Help Save Them (“Destinos em extinção: 37 lugares em perigo e o que pode ser feito para salvá-los”).


O livro reúne 37 ensaios sobre os impactos que o aquecimento global, a degradação ambiental, a especulação imobiliária predatória, a pesca e a falta de controle na quantidade exagerada de turistas têm sobre destinos ecológicos eleitos pelos americanos como “hotspots”. Enquanto o meu exemplar não chega em casa, adianto o que elas disseram em uma reportagem publicada no portal de viagens Away.com sobre três roteiros de natureza bastante concorridos. Achei bem triste.


Monte Everest, Nepal-Tibete

A montanha mais alta do mundo e seus 8 850 metros de altitude sofrem com o aquecimento global – além de penar com a lotação de suas trilhas durante a alta temporada e o lixo deixado pelos alpinistas. As enchentes de lagos glaciais do Himalaia são cada vez mais severas e freqüentes, com danos pesados ao ecossistema e às populações dos vilarejos dos arredores. Os cientistas prevêem que pelo menos 20 lagos glaciais do Nepal estão aumentando de nível tão rapidamente a ponto de poder romper suas “paredes” até 2009. Se um tremor mais agressivo ocorrer, dezenas de lagos entrarão em colapso.


Monte Kilimanjaro, Tanzânia

Ela é a montanha mais alta da África, famosa pela escalada pouco técnica (você chega lá em cima andando) e pela beleza “intrusa” (como pode uma geleira tão perto da Linha do Equador e tão branca de neve no meio das planícies poeirentas da África?). E também está em apuros. A neve que há pelo menos 12 mil anos habita o “Kili” – apelido dado pelos montanhistas – está indo por água gelada abaixo depois de algumas décadas de mudanças climáticas. Especialistas que analisaram o topo da montanha concluíram que menos de 20% do gelo que estava ali restou (a camada teria começado a retroceder já nos anos 1850, mas está afi nando rápido nos últimos anos e, desde 2000, teria encolhido de 2 a 3,5 metros). Além de o calor derreter o gelo, a mudança do regime de chuvas faz chover cada vez mais, em vez de nevar, como deveria ocorrer em altitudes maiores.


A Grande Barreira de Corais, Austrália

O centro da biodiversidade marinha mundial, com 2 300 quilômetros de corais coloridos, passa por perrengues brabos. (E olha que eles ganharam no ano passado prêmio de turismo sustentável.) A coisa funciona assim: os corais são animais com estruturas que parecem esqueletos, ligando-se uns aos outros em colônias que formam a barreira, e têm algas dentro de seu tecido. As algas fazem fotossíntese, alimentam os corais e dão a eles suas cores – verde, amarelo, marrom. Só que os corais são muito sensíveis à temperatura. Com os verões cada vez mais quentes nesse pedaço da Oceania, o mar esquenta e os corais são os primeiros a sentir o impacto. Sofrendo, começam a se fechar. As algas espremidas ali dentro começam a soltar toxinas para que o bicho se abra e as expulse de dentro de si. Daí, danou-se: os corais sem as algas ficam branquelos e mais doentes. E nós, como ficaremos sem as nossas maravilhas naturais?